Como formatar a estrutura de um roteiro para cinema?
O roteirista é um profissional fundamental no cinema. Por meio de seu trabalho criativo, ele dá vida textual a uma ideia de filme, faz nascer personagens, conflitos e o final (nem sempre) feliz. Mas como fazer a estrutura de um roteiro?
Neste texto, elencamos alguns passos e possibilidades para roteirizar sua ideia. A partir deles, você ganha uma noção de elementos básicos na construção de um roteiro consistente. Vamos lá?
O que é um roteiro?
Entre a ideia na cabeça e a câmera na mão, existe sempre um bom texto contando a história do filme em diálogos e ações. Quase como um texto teatral, apresenta o enredo com as personagens, falas e ações. Esse é o roteiro.
Diferentemente de um texto literário, em que as ações se passam na descrição de um narrador, o roteiro deve ser pensado como o texto para uma obra audiovisual.
Na definição de Syd Field, um dos mais conhecidos teóricos desse tipo de escrita, em seu “Manual do Roteiro”:
“O filme é um meio visual que dramatiza um enredo básico; lida com fotografias, imagens, fragmentos e pedaços de filme: um relógio fazendo tique-taque, a abertura de uma janela, alguém espiando, duas pessoas rindo, um carro arrancando, um telefone que toca. O roteiro é uma história contada em imagens, diálogos e descrições, localizada no contexto da estrutura dramática”.
Essa estrutura dramática é chamada por alguns de “jornada do herói”. Remontando à tragédia grega, esse percurso é a espinha dorsal do filme e, por meio de suas divisões, torna imaginável (ou quase visível) a ideia a ser passada em imagens.
Estrutura de um roteiro ou a jornada do herói
A expressão “jornada do herói” é uma ótima pista do que um roteiro deve conter. Esse caminho percorrido pelo(s) protagonista(s) entre o começo e o final de uma história é o enredo do filme. Ele narra um acontecimento ou transformação pela qual nosso herói ou heroína passa.
Como toda boa história, um roteiro tem começo, meio e fim. Portanto, nada mais natural do que dividi-lo em 3 atos. No 1º, será apresentada a personagem com suas características. O 2º ato mostra a cadeia de eventos que vai mudar a vida dessa personagem. No 3º ato, há o desfecho desses conflitos.
Entre cada ato, existem os Plot Twists, ou as rupturas que fazem com que a trama envolvendo a personagem passe de um contexto a outro. Por exemplo, entre o 1º e o 2º atos, há uma virada que inicia o percurso de mudança (ou arco dramático) da personagem. Já entre o 2º e o 3º atos, outra reviravolta vai encaminhar a trama para o final.
Parece matemática, não é mesmo? Só que existem mil maneiras de organizar esses elementos numa história. Quem não se lembra de “Pulp Fiction”, de Quentin Tarantino, em que várias tramas se desenrolam paralelamente e se atravessam?
Filmes como “Irreversível”, de Gaspar Noé, e “Amnésia”, de Christopher Nolan, contam a história de trás para frente, partindo do final. Como roteirista, você pode abusar da criatividade na hora de passar sua história para o papel. Não existe fórmula mágica, mas a estrutura básica da “jornada do herói” te ajuda a dar consistência ao seu enredo.
Sua vez de colocar a mão na massa
Pronto para fazer seu primeiro rascunho? Vá em frente, mas não se afobe. Um roteiro passa por inúmeros tratamentos até chegar à versão final.
Para se inspirar em diferentes formatos, vale fazer pesquisa. Há inúmeros roteiros publicados, de “Pulp fiction”, de Quentin Tarantino, ao texto de Bráulio Mantovani para o filme “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles e Katia Lund. Leia, compare e rabisque suas ideias!