Quer estudar sobre roteiro de cinema? Pergunte-se como!
(foto sob licença Adobe Stock)
Como estudar sobre roteiro de cinema? Se você já está se fazendo essa pergunta, deve saber o que é um roteiro e qual o seu papel numa produção cinematográfica, certo?
Então vem com a gente que vamos te explicar um pouco do que é essa ferramenta textual e algumas de suas características. A partir daí, você pode começar seus estudos nessa área e ter uma boa base para ampliar.
O que é um roteiro de cinema?
O roteiro de cinema é uma forma de escrita, assim como a literária. O que a diferencia de sua irmã das letras é a finalidade para a qual ele é escrito.
Pensando em termos das similaridades entre as linguagens do texto, vamos ver que tanto a narrativa literária quanto o roteiro vão ter quase os mesmos elementos: personagem, enredo, localização no tempo e espaço.
Mas como a história contada num livro se passa dentro da cabeça do leitor, o escritor tem uma liberdade enorme de inventar situações e mundos sem esforço algum. É só escrever e aquilo passa a existir.
Por sua vez, o cinema e a TV são audiovisuais, ou seja, criam suas histórias por meio de som e imagem. Assim, no roteiro, destinado a essas mídias, a diferença fundamental é que tudo aquilo que se passa dentro da cabeça do leitor deve poder ser transposto em cenas: as imagens em movimento.
Então, quando você escreve um roteiro, vai contar histórias, criar personagens e descrever situações que serão vistas pelo público. Um exercício básico para essa escrita é pensar na possibilidade de cada cena ser realizada em imagens e ações sem perder a compreensão para o espectador. Às vezes, não precisa nem de fala: só de o personagem caminhar na rua, já fica subentendida sua intenção.
O que eu devo saber para estudar sobre roteiro?
Sempre que pensamos em estudar um assunto, vem logo à cabeça qual material didático, técnicas e pré-requisitos do próprio aluno são necessários para a empreitada. Tome nota de alguns pontos básicos para se lançar nesse universo:
Pré-requisito do candidato:
- Gostar de ler e escrever: antes de mais nada, roteiro é a escrita de uma história, para cinema ou TV. Tudo bem que o produto final é audiovisual, mas, para chegar até ele, sua história deve estar clara para o diretor, os atores e a equipe. Para saber como estruturar um roteiro, quais seus elementos e como montar uma história consistente, leia esse outro texto do nosso blog
Materiais para ler, ver e comparar:
Uma coisa a ser dita sobre roteiro (como também sobre qualquer forma de escrita, que é uma atividade basicamente criativa) é que não existe uma fórmula universal para escrevê-lo.
Mas, para quem está começando, é importante usar técnicas muito difundidas até encontrar seu estilo próprio. Primeiro você aprende a bater as asas, depois voa mais alto por conta própria. Existem alguns manuais super famosos que dão um passo-a-passo para você começar a escrever roteiros.
Um dos mais conhecidos (e ótimo ponto de partida) é o Manual do Roteiro, de Syd Field. Muitos macetes e convenções dos roteiros mais comerciais (usados até mesmo em alguns experimentais) foram estabelecidos pelo roteirista norte-americano. Como é um livro muito conhecido, é fácil de encontrar online ou em livrarias e bibliotecas públicas, é só pegar e ler.
Mas existe uma infinidade de livros que ensinam a escrever roteiros, como:
- Da criação ao roteiro, do ator e roteirista brasileiro Doc Comparato
- Prática do Roteiro Cinematográfico, dos franceses Jean-Claude Carrière e Pascal Bonitzer
- Manual de Roteiro, dos brasileiros Leandro Saraiva e Newton Cannito, que escreveu roteiros de filmes como Quanto Vale ou É por Quilo?, dirigido por Sergio Bianchi, e de séries de TV como Cidade dos Homens (Globo) e 9mm (Fox)
Entre muitos outros! Seja curioso, pesquise na internet e na biblioteca mais próxima e você vai descobrir uma porção de livros que falam mais sobre a arte e o ofício de escrever roteiros
Todo artista iniciante precisa de inspiração para conhecer melhor o formato no qual pretende se expressar. Se você quer escrever um romance, leia romances. Se você quer escrever um conto, leia contos. Se você quer escrever roteiros… ora, é claro, leia roteiros!!!
Existe uma infinidade de roteiros publicados, que vão desde Que Horas ela Volta?, de Anna Muylaert, até os três filmes consagrados de Kleber Mendonça Filho que foram publicados em um único livro: O Som ao Redor, Aquarius e Bacurau. Isso pra ficar só nos brasileiros. Imagine a quantidade de roteiros de outros países que já estão traduzidos por aqui!
Após ter lido os manuais sobre esse tipo de texto, você pode analisar os roteiros, procurando em seus enredos estruturas e esquemas ensinados pelos teóricos. Aí você começa a se familiarizar com esse tipo de escrita e ter ideias para sua própria história.
Já leu alguns manuais e aprendeu o bê-a-bá? Já leu uma pilha de roteiros e aplicou o que aprendeu nos manuais na análise das histórias cinematográficas? Então agora é hora de ver muitos filmes e séries! Se possível, veja aqueles cujos roteiros você leu e analisou.
Aí, assistindo a transposição daquele texto para a telona ou a telinha, você vai perceber quais técnicas e artifícios são usados pelos diretores consagrados para transformar palavras em imagens e sons.
Última dica: não tenha medo de errar!
Agora você já tem algum repertório e está louco para por a mão na massa e rascunhar seu primeiro roteiro. Mas toda vez que começa a por as palavras no papel, você lê, relê e apaga tudo, porque acha que nunca está bom. Nada disso!
Complete seu roteiro sem medo de errar. Mesmo que ao terminar você veja que o texto não ficou tão bom, esse primeiro rascunho é o material que será trabalhado e retrabalhado até se tornar um filme. A cineasta Anna Muylaert conta que costuma reescrever seus roteiros dezenas de vezes e acredita que o roteiro só está pronto na fase de montagem.
A partir dessas dicas, você já pode se considerar um estudante autodidata de roteiros. Quando já tiver brincado bastante nesses seus primeiros passos e colecionar alguns esboços promissores, é a hora de aumentar seu grau de dificuldade e procurar ajuda especializada. Mas disso nós vamos falar em outro texto. Aguarde!
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